Casa do Grêmio desde dezembro de 2012, a Arena já foi palco de muitos momentos históricos do tricolor, seja pelos títulos conquistados ou pelo trágico rebaixamento para a 2ª divisão do Campeonato Brasileiro, ocorrido em 2021. Mais do que um novo local para o torcedor gremista assistir os jogos do seu time de coração, a Arena também é, há alguns anos, o centro de um grande debate entre clube e torcida.

Durante boa parte do mandato do ex-presidente Romildo Bolzan Jr., o Grêmio iniciou movimentos para assumir a gestão do estádio. Os principais objetivos eram ter autonomia nas escolhas e melhorias, além de aumentar a arrecadação do clube de forma significativa com a bilheteria dos jogos. Pelo atual contrato, o tricolor não possui direito a este tipo de receita.

Em 2025, a falta de cumprimento de alguns pontos importantes e os problemas na estrutura, além da experiência do torcedor, as conversas sobre a compra antecipada da gestão do estádio tomaram o protagonismo das conversas no ambiente gremista.

Sendo assim, entenda todos os detalhes abaixo.

Entenda o contrato entre Grêmio e OAS pela Arena

O Grêmio iniciou sua trajetória na Arena em 8 de dezembro de 2012 em uma obra que custou cerca de R$600 milhões. A estrutura foi construída pela OAS, na época, uma das principais do país e da América Latina.

A gestão do estádio hoje está a cargo da Arena Porto-Alegrense, uma empresa criada justamente para facilitar a comunicação entre clube e construtora. Mesmo que o tricolor não tenha o domínio sobre as decisões, uma das cláusulas no contrato proíbe o Grêmio de jogar em outro estádio, sendo a única exceção quando houver shows ou eventos de grande proporção no estádio.

Outro ponto de domínio total da administração da Arena é sobre os preços dos ingressos. Em tese, há pouca margem para negociação no preço, ou seja, se o Grêmio tiver o desejo de diminuir os valores para o torcedor, precisará pagar valores do seu próprio bolso.

Entretanto, a dívida pela construção do estádio não estava sendo quitada com os bancos. Foram 3 instituições bancárias que disponibilizaram o valor para financiamento: Banco do Brasil, Santander e Banrisul.

Nos últimos anos, um fundo de investimento comprou 66% da dívida, que estava sendo cobrada por Banco do Brasil e Santander. A Revee, com sede em São Paulo, desembolsou R$ 40 milhões para comprar a dívida, que tem custo estimado em R$ 150 milhões.

Já os demais 34% da dívida da Arena com o Banrisul, foram comprados pelo Grêmio. O clube pagou R$ 20 milhões à vista ao banco estadual e por isso, se tornou credor do valor de R$ 109 milhões.

O Grêmio pode comprar a gestão da Arena antes do fim do contrato?

Existe a possibilidade para que o Grêmio compre a Arena e sua gestão. E inclusive esta situação é algo que já esteve próxima de acontecer em diversos momentos, mas nunca se concretizou.

Para isso, o clube pode efetuar a compra de forma antecipada. Entretanto, depende da vontade dos outros envolvidos que estão protegidos contratualmente. Especulações de mercado, não confirmadas pelas partes envolvidas, dão conta de um investimento necessário de aproximadamente R$ 80 milhões para o ato.

Renda de bilheteria e custo de manutenção do estádio

Outro ponto de dúvida dos torcedores é em relação a bilheteria dos jogos. Toda a renda arrecadada dos jogos vai para o caixa da Arena Porto-Alegrense, ou seja, não entrar para o clube. A renda que vai aos cofres do tricolor é do quadro social, já que os sócios pagam suas mensalidades diretamente à instituição.

Para poder garantir as cadeiras que são compradas por determinada modalidade de sócio, o Grêmio tinha um custo de R$ 2 milhões mensais. Entretanto, após comprar a dívida, o clube conseguiu, na justiça, o direito de abater a quantia do saldo devedor de R$ 109 milhões.

O custo mínimo para abertura do estádio em dias de jogos é de R$300 mil. O valor pode aumentar de acordo com o tamanho do jogo e o número de funcionários necessários e o Grêmio também não paga nada.

É importante dizer que todos os custos de manutenção da estrutura e operação dos jogos são bancados pela gestora do estádio. Até por isso, por conta dos recursos escassos, muitos problemas e danos na estrutura não foram reparados.

(Foto: Talis Andrey de Mello)
(Foto: Talis Andrey de Mello)

Qual a capacidade da Arena do Grêmio?

A capacidade total é de 60.540 lugares. Entretanto, por questão de segurança, a capacidade máxima de torcedores é de 55.662.

Qual o faturamento da Arena por ano?

O valor aproximado de arrecadação com a bilheteria é de R$30 a R$40 milhões por ano. Este valor também era o estimado no aumento de receita anual caso tivesse êxito nas negociações pela compra da gestão do estádio.

Até quando vai o contrato da Arena?

O contrato feito pelo Grêmio com a OAS prevê exploração comercial junto a construtora de 20 anos, ou seja, até dezembro de 2033.