Um novo fator pode mudar para sempre a história do futebol brasileiro. Na era da SAF e do monopólio dos "bilionários" nas principais competições da temporada, a possibilidade de uma liga própria de clubes, tirando a organização e comercialização do Campeonato Brasileiro das mãos da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

Desde o 2º semestre do ano passado, os principais clubes do país discutem o cenário, que traria grande impacto financeiro e mudaria o esporte nacional de patamar. Entretanto, ainda existem muitas dúvidas sobre os detalhes dentro e fora de campo em relação ao que de fato será diferente a partir deste capítulo.

Sendo assim, elencaremos abaixo as principais informações sobre a criação da LIBRA e o quanto cada clube pode receber através das mais variadas fontes de receita.

LIBRA; As principais informações sobre a nova liga brasileira de clubes

Como funciona o Brasileirão hoje

O grande objetivo dos clubes participantes da LIBRA é organizar e comercializar seu próprio campeonato. Atualmente, a entidade responsável por isso é a CBF, que repassa parte de seu faturamento para os clubes em formato de premiação por desempenho.

Outro ponto importante é que os contratos de direito de transmissão não são totalmente fechados da maneira como os clubes desejam. A principal reivindicação é sobre a grande diferença de dinheiro recebido entre os clubes mais ricos e mais prejudicados.

Objetivos da formação da nova liga

A negociação desejada é para que as séries A e B sejam organizadas pela liga. O grande benefício é, de forma independente, poder decidir sobre todos os aspectos do campeonato.

Além disso, outro ponto de muito interesse é sobre os direitos de transmissão e a mudança no patamar em relação a divisão das receitas por audiência, desempenho e a diferença entre o que mais e menos recebe a cada temporada.

Dúvida sobre venda da liga e blocos comerciais

Atualmente, a criação de uma liga organizada pelos clubes para a formulação do novo Campeonato Brasileiro está em segundo plano, já que não há ainda um indicativo de que os clubes se unam em um mesmo grupo.

Por isso, hoje a tendência é de a criação de 2 blocos comerciais, com cada um dos grupos negociando seus contratos nos chamados "blocos comerciais". Os integrantes da LIBRA assinaram com o Grupo Mubadala, enquanto os integrantes da Liga Forte Futebol assinaram com o Grupo Serengetti.

Em ambos os casos, os acordos são por um percentual de todos os contratos negociados de direitos de transmissão pelo período de 50 anos.

Quanto cada clube vai receber?

O principal ponto de debate entre os clubes é em relação a forma de divisão do valor recebido. Dentro disso, existem 3 pilares desta divisão:

  • Valor pago de forma fixa a todos os clubes: 40% do valor total arrecadado pela liga é dividido entre todos os participantes da série A. Esta seria uma "garantia" da liga para seus clubes;
  • Valor pago por audiência: 30% do montante total é dividido de acordo com a audiência capitalizada pelos clubes. A audiência deve ser medida por bilheteria, medição de audiência em TV aberta, fechada e plataformas de streaming;
  • Valor pago por desempenho na competição: Os 30% restantes do total é dividido de acordo pelo desempenho, ou seja, pela posição em que termina o campeonato de cada ano.

Como funcionará a venda dos direitos de transmissão da LIBRA?

A principal fonte de receita que os integrantes da LIBRA negociam é em relação a venda dos direitos de transmissão do Brasileirão. Em um primeiro momento, a liga deve receber a quantia aproximada de R$4,5 bilhões e é referente a um percentual do faturamento total. Internamente, avalia-se a venda de entre 18% e 20%.

Este valor seria pago pelo Grupo Mubadala, um fundo de investimentos com sede nos Emirados Árabes Unidos e que atua em mais de 50 países. O patrimônio deste fundo é avaliado em 284 bilhões de dólares.

Basicamente, o fundo terá direito a 20% do valor total das vendas de direito de transmissão por 50 anos. Mesmo assim, os contratos entre clubes e emissoras não devem mudar, sendo entre 3 e 5 anos, como acontece atualmente.

Levando em consideração o abatimento dos custos, que é avaliado em torno de R$250 milhões. Além dos custos rotineiros, existem a operação da liga, impostos e comissões do investimento.

Os clubes com maior audiência nos últimos anos devem receber mais deste valor da compra dos 20%. Todas as simulações foram feitas com base nos índices de audiência do ano de 2021. O valor para cada clube foi determinado por um cálculo em cima do histórico dos clubes no Brasileiro a partir de 1971. Ou seja, a contribuição de cada time para a Liga, tanto em termos esportivos, quanto de torcida, audiência. Veja abaixo a divisão estimada:

Neste momento, os integrantes da LIBRA que já estão acordados são: Bahia, Corinthians, Flamengo, Grêmio, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Palmeiras, Ponte Preta, RB Bragantino, Sampaio Corrêa, Santos, São Paulo e Vitória.

Dentro deste cenário, a LIBRA pode receber um novo integrante nos próximos dias: o Atlético-MG. O Galo, que estava alinhado a Liga Forte Futebol, mudou de lado e deve anunciar sua decisão a qualquer momento.

Outros clubes, por sua vez, fizeram o movimento contrário: Saíram da LIBRA e integraram a Liga Forte Futebol: Botafogo, Vasco da Gama e Cruzeiro.

No outro lado da discussão estão os membros da LFF (Liga Forte Futebol), que propõem uma divisão diferente nos valores. Os membros deste grupo são: ABC, Athletico, Atlético-MG, América-MG, Atlético-GO, Avaí, Chapecoense, Coritiba, Ceará, Criciúma, CRB, Cuiabá, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juevntude, Londrina, Sport, Vila Nova e Tombense.